segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

(Novos Rumos) Sobre o post "anterior"...

No decurso do “post” anterior e no contexto de uma discussão saudável e, acima de tudo, importante. Acabei por chegar à reflexão que abaixo transcrevo.

Luz e Abraço, minha Gente!




Primeiro quero referir que vejo um “certo” interesse em colocar as nações umas contra as outras. Reconhecer isso deve ser o foco principal dos europeus e cidadãos do mundo em geral neste momento, tem que haver muita lucidez da parte de cada pessoa.

Em relação ao Keiser, especificamente, sinto alguma histeria colocada nas suas declarações que me parece ridícula, irresponsável, e só não a chamaria tendenciosa porque ele menciona abertamente a ligação de governantes alemães à G&S.

Reconhecendo que há aspectos desta declaração sobre os quais não tenho um conhecimento de causa suficiente, o que quero deixar claro é que o seu teor geral, a meu ver, é uma análise óbvia e que requer o tal exame lúcido. Basta olhar para o que aconteceu na Argentina há uns anos atrás, porque é quase um “remake”: destruiu-se o país economicamente (partindo de certas carências estruturais, é verdade), para depois se tomar de assalto e privatizar tudo o que dava (ou poderia dar) lucro, como por exemplo a transportadora aérea nacional. Também se argumentava (absurdamente) que os argentinos eram todos calões, lascivos, desorganizados, etc, e independentemente das tais carências que apontei, acima de tudo foram canibalizados pelo FMI e seus acólitos. Aliás uma prática que minou a América Latina durante décadas e da qual aqui na Europa pouca gente quis saber. Porquê? Porque os europeus não se sentiam lesados! E quando é que mudou? Bem, é que parece claro que o “teatro de guerra” mudou de lugar e agora estamos todos muito indignados com as atrocidades financeiras cometidas por alguns grupos económicos só porque já são sentidas na pele!

De minha parte não demonizo os alemães, e só posso falar por mim, aliás oponho-me a isso, acho estupidez e uma tremenda inconsequência! O que sinto é que estão PERIGOSAMENTE mal governados por um grupo de pessoas ou incompetentes ou claramente ligadas aos interesses das grandes multinacionais que operam por detrás do FMI, e isto é um facto, não é uma teoria de conspiração. Mas mais do que isso, acho que o povo alemão devia tomar uma posição em relação a isso, porque desta vez não é como das anteriores (refiro-me às Grandes Guerras), têm informação suficiente para deter as pessoas que supostamente representam os seus interesses e que basicamente estão a causar grandes danos a TODOS, inclusive a eles próprios, porque a continuar teria sérias repercussões.

Sobre a Grécia, da mesma maneira que não demonizo os alemães também não beatifico os gregos, pelo contrário, pelo que percebi, também acho que havia ali privilégios absurdos (como por cá). Mas quando se chega a uma altura em que se sente claramente que a sua nação está sob ocupação, o que esperar!? Então passa-se do oito ao oitenta e espera-se que as pessoas fiquem calmas e serenas? Não me parece. Se houvesse interesse em recuperar a Grécia, e isso é viável, tal intenção seria expressa em medidas construtivas e não em programas que só enterram cada vez mais o país! Além disso a situação deles só chegou a este estado depois do colapso dos bancos que foram prontamente salvos em detrimento dos estados que pelos vistos podem coplapsar sem que isso seja minimamente problemático! O que acho é que os gregos, tal como os alemães (nós, e todos) devem fazer um mea culpa, ou melhor, assumir a sua responsabilidade individual, não aceitar medidas que os colocam num buraco sem saída, mas admitir que permitiram, por ignorância ou comodidade que as coisas chegassem a tal ponto. A partir daí trabalhar em torno de medidas construtivas que até se sabe quais são e não assentam única e exclusivamente no perdão das dívidas!

Em suma, alemães, gregos, portugueses, americanos, todos têm responsabilidades, não há bons nem maus. Sabemos de onde vem a ameaça, é de um capitalismo completamente desregulamentado, completamente desumanizado, que praticamente só serve os interesses de círculos económicos que pretendem substituir os Estados e estão perfeitamente identificados. Defendo uma solução semelhante à da Islândia, tomando em consideração as tais diferenças dimensionais e culturais:
  • Criação de governos regionais semi-autónomos que exploram os seus melhores potenciais, vivendo essencialmente disso;
  • Imediato e progressivo investimento em Energias Limpas e Alternativas, culminando em programas de autonomia energética das nações (o que facilita a implementação do processo anterior);
  • O mesmo para a Alimentação, reforçando-se programas de agricultura e pescas que acabem com a especulação financeira ao nível da alimentação procurando apenas garantir que todos têm igual direito a comida;
  • Reforço QUALITATIVO da Educação para promover e reforçar uma maior e melhor participação popular nas decisões regionais e estatais;
  • E adaptar as populações a uma realidade inevitável, o emprego nunca vai aumentar, só vai diminuir, porque a tecnologia está a criar uma automatização que diminui drasticamente a acção humana em termos de números, e para não haver caos na transição tem que se proceder a uma desvalorização do dinheiro, criar novos critérios económicos que, acima de tudo, não assentem numa deificação do lucro.
Dentro das minhas capacidades e conhecimentos, acho que até poderia escrever mais e melhor, mas pá, foi o que me saiu! Acima de tudo, acho que é um principio, porque sei que há muita gente a pensar nestes moldes, o que é já parte de um processo de concretização.

Joel

1 comentário:

  1. Mmmm...
    A mensagem deste sistema é enfrentar as pessoas, as naçoes... É evidente que agora que a Europa está a sentir o que provocou em outras partes do mundo... Mas nao foi até sentir na própia vida o que tinhamos feito em outros lugares do mundo que a Europa, e os europeus, nao começaram a ter consciência da situaçao. Por isso, eu acho que o cidadao "normal" dos países que nao esteja numa situaçao similar nao vai reagir até estar na mesma situaçao...

    Quanto à Grécia, há um interesse em enterrar a esse país, e a outros. Porque deste modo, outros países poderam manter as suas condiçoes.
    Eu nao acredito que se possa mudar este sistema, já conheci muitos casos de pessoas que tentaram mudar as coisas e "desapareceram". Para mim a soluçao está em construir um sistema que nao seja tao dependente da situaçao financera, sendo desde modo cada vez mais autónomos.
    A situaçao já está a ser difícil mas nao é nada com a situaçao que está por vir. Acho que é momento para fazer deste mundo um mundo melhor e isso passa, na minha opiniao, pela actuaçao.

    Beijinhos... :*

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